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Viagens Italianas

A viagem ao Brasil no século XIX

As relações de vapores, a chegada à hospedaria de imigrantes

A viagem para a América foi uma experiência terrível para aqueles que foram obrigados a emigrar em busca de novas oportunidades. Antes mesmo da partida, começavam os percalços devido à exigência de se apresentar nos portos dias antes do embarque. Assim, viam-se obrigados a fazer gastos extraordinários, tornando-se vítimas de toda a sorte de aproveitadores - dos agentes das companhias de navegação e de viagens, dos comerciantes e vendedores. Nos relatos sobre a experiência da viagem até o novo mundo, as lembranças recorrentes dos imigrantes italianos estão associadas às precárias condições dos navios e a estranheza diante dos dialetos e costumes dos seus conterrâneos oriundos das distintas regiões italianas. Mas lembram-se também de raros momentos de confraternização, quando então passageiros e tripulação festejavam a passagem pela linha do equador.

Na chegada, os imigrantes eram levados às hospedarias, que os acolhiam por alguns dias, e após inspeção médica, encaminhavam-nos às áreas de plantação. A Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores (1883-1965), localizada no município de São Gonçalo (RJ), era um dos primeiros pontos de desembarque dos imigrantes que vinham para o Brasil.

A relação de passageiros do vapor Ville de Santos registrava 216 tiroleses, 28 franceses, 31 italianos e quatro suíços, que embarcaram em Le Havre (França), em julho de 1875, e 28 dias depois chegaram ao Rio de Janeiro. As listas de passageiros, que deviam acompanhar as "expedições de imigrantes", indicavam além da nacionalidade e o local do nascimento, o nome, a idade, a profissão, a religião, o estado civil e a idade. Joaquim Caetano Pinto foi um grande empresário do recrutamento de imigrantes realizado por meio de contratos com o governo imperial. No contrato assinado em 1874, comprometia-se a recrutar cem mil imigrantes europeus, constando entre eles italianos do norte, num período de dez anos. Os imigrantes seriam recrutados entre "agricultores sadios e de boa moral", para criar núcleos coloniais de povoamento, tendo por base a pequena propriedade e o trabalho familiar no Sul do país. As listas de passageiros das companhias de navegação italiana Florio & Rubbatino e La Veloce, ambas de 1888, cujas passagens passaram a ser subvencionadas pela província e depois pelo estado de São Paulo, representam outra face da política imigratória brasileira. Os navios desembarcaram aqui um contingente sem precedentes de italianos destituídos de posses que substituiriam os escravos, para atender os interesses da agricultura cafeeira de exportação.

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