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Detalhes do velho Maracanã

Ao longo de décadas de história, o Maracanã passou por várias reformas. A maior e mais drástica de todas foi a que ocorreu para que o estádio recebesse jogos da Copa do Mundo de 2014. Após essa última intervenção, surgiu um estádio completamente novo por dentro. Somente a parte externa lembra o histórico gigante de concreto erguido para a Copa de 1950. Na verdade, o velho Maracanã não existe mais. Trata-se de outro estádio, ou “arena”, chamado pelo antigo nome apenas por ocupar o mesmo terreno do Derby Club, no bairro do Maracanã.

As obras que começaram a ser realizadas no início do século XXI fizeram desaparecer uma série de detalhes da parte interna que conferiam identidade ao velho Maracanã. Eram estruturas, características e especificidades da construção original que faziam com que tivesse uma personalidade diferente de qualquer outro estádio. Ao longo do tempo, esses detalhes influenciaram o surgimento de práticas, hábitos e comportamentos dos milhares de torcedores que tinham o estádio como sua segunda casa.

Hoje, eles existem apenas na memória dos amantes do velho Maracanã e em registros de arquivo. Lembremos da geral, abolida em 2005, marcada pela presença dos irreverentes geraldinos; da arquibancada, com seus degraus de concreto, completamente modificada com a instalação de cadeiras a fim de impedir que os torcedores assistissem aos jogos de pé; ou do fosso, criado para evitar invasões ao gramado, mas que também tinha seu papel no espetáculo, quando algum torcedor “altruísta” ali pulava para buscar a bola e ajudar os gandulas. Isso sem falar na marquise, uma das marcas registradas da arquitetura do estádio e fundamental na antiga acústica, que foi demolida para dar lugar a uma nova cobertura; e nos túneis de acesso, antes separados por time, permitindo que a torcida aplaudisse (ou vaiasse) determinada equipe quando ela subia ao gramado.

O velho Maracanã também tinha suas particularidades para quem trabalhava durante os jogos. Fotógrafos e cinegrafistas tinham seus lugares assegurados a poucos metros do campo para registrar de perto momentos marcantes das partidas. Já os repórteres podiam entrar no gramado, e sempre os víamos no meio dos jogadores antes ou após os jogos – e até mesmo durante, como ocorreu após o milésimo gol de Pelé. Lembremos ainda das famosas “cabines de rádio” do Maracanã, local de trabalho dos profissionais de imprensa, mas que eram igualmente um ponto de referência, pois serviam para informar aos ouvintes para qual lado seu time iria atacar, à direita ou à esquerda de onde o radialista narrava o jogo.

Todos esses elementos, que para alguns podem parecer desimportantes ou objetos de saudosismo, ajudaram a dar uma “cara” ao Maracanã e a gravá-lo na memória dos torcedores. Certamente, eles contribuíram para a força esportiva, social e cultural do grande templo do futebol brasileiro.

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