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Escravidão

O oitocentos inaugura-se com a passagem da então colônia à sede de um Império Ultramarino. Império de muitas "nações": cabindas, monjolos, minas, nagôs, benguelas, moçambiques, convertidas em braços que nas lavouras açucareiras do Nordeste, nas minas de ouro, já decadentes, nos cafezais do Vale do Paraíba, sustentaram a economia brasileira em mais de trezentos anos de escravidão.

Negócio lucrativo, o tráfico de escravos fez fortunas dos dois lados do Atlântico, e resistiu, com fôlego, às pressões inglesas pelo seu fim, mantendo-se por alguns anos na clandestinidade, após a lei proibitiva de 1851. Atravessando o Atlântico nos porões dos navios negreiros, a violência que funda a escravidão manifesta-se nos açoites, troncos, máscaras de ferro, prisões que buscam fazer frente à resistência escrava, fartamente documentada nos registros policiais.

A escravidão inscreve-se no corpo, submetendo à marca comum da propriedade, indivíduos que exibem as diferentes marcas de suas terras. Apartados de sua cultura, inseridos à revelia em uma sociedade estrangeira, os diversos grupos étnicos reorganizam suas identidades, reinventando "nações" na experiência compartilhada do cativeiro.

O cotidiano da escravidão ganha vida nos anúncios de escravos fugidos e nas aquarelas do viajante europeu. Mais raramente, encontramos registros inusitados, como a carta escrita pelo escravo Zacarias pedindo um empréstimo para uma causa, cada vez mais comum no último quartel do XIX: a compra de sua liberdade.

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