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Exposição

Japão, Brasil: centenário de um encontro

 

  • Apresentação

    No ano de 2008 celebra-se o centenário de um dos mais bem-sucedidos processos de imigração que aconteceram no Brasil no século XX. O encontro entre dois povos tão singulares quanto são brasileiros e japoneses, mas que muito aprenderam entre si, não somente em termos de hábitos e costumes, como também em respeito ao outro e às diferenças. É o momento de comemorar, de trazer à memória, a tenacidade e a coragem de pessoas que deixaram suas famílias e sua terra natal, e cruzaram oceanos rumo a uma nova vida em um país desconhecido.

    Famílias inteiras que pretendiam "fazer a América" e depois retornar ao Japão, embora a maioria nunca tenha chegado a realizar a tão sonhada viagem de volta. Homens e mulheres que reconstruíram suas vidas no novo país, que por vezes adotaram como sendo seu, do qual aprenderam a cultura e para o qual também muito ensinaram, com seu exemplo de perseverança, dedicação ao trabalho e retidão.

    Em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru aportava em Santos trazendo 781 personagens dessa odisséia moderna que é a imigração japonesa no Brasil. Famílias que atravessaram um oceano em busca da felicidade e da prosperidade em terras brasileiras. Nestes cem anos que se passaram desde o inesperado e frutífero encontro de dois povos e duas culturas tão diferentes, milhares de japoneses chegaram trazendo sonhos na bagagem.

    As grandes levas de imigração são motivadas, na maior parte dos casos, pela busca de trabalho, riquezas e melhores condições de vida. E quase sempre a intenção inicial daqueles que se mudam da sua terra natal é retornar um dia, logo que as condições materiais o permitam. Assim aconteceu com os primeiros imigrantes japoneses que aportaram no Brasil. A chegada a um país desconhecido para eles, como era o Brasil, foi árdua. Depois das longas viagens, houve as dificuldades de se estabelecer na nova vida, a língua, os costumes, a alimentação, o vestuário, o clima, o aprendizado do trabalho, a ausência dos amigos e da família, entre outras muitas. Nem sempre as coisas ocorriam conforme o esperado: a riqueza não chegou rápido, e na maioria das vezes sequer aconteceu. O sonho do retorno ficava cada vez mais distante e, nessas condições, a necessidade de se adaptar aos novos tempos acabou por tornar alguns imigrantes cidadãos brasileiros. Dos muitos que ficaram e estabeleceram suas raízes por aqui, alguns se naturalizaram, outros se casaram com brasileiros, nasceram os primeiros brasileiros descendentes de japoneses, e mais um capítulo na história da imigração para o Brasil no século XX foi escrita.

    Em 2008, com o lançamento desta exposição virtual, o Arquivo Nacional participa das comemorações do centenário deste encontro, que resultou na prolífera integração entre Brasil e Japão, e em toda a história que imigrantes e seus descendentes construíram em terras brasileiras nestes cem anos.

    Renata William Santos do Vale
    Curadora

  • Galerias

    • Na Terra do Sol Nascente
    • A
    • Parque de Shiva
    • Jardim do Templo
    • Fresca corrente
    • Costumes japoneses
    • Mercado de Tokio, 1901
    • Montanha de Fuji
    • Na Terra do Sol Nascente

      Nos primeiros debates acerca da contratação de imigrantes orientais para o Brasil, em fins do século XIX, prevaleciam as opiniões contrárias à vinda, principalmente de chineses e japoneses, ancoradas em preconceitos e no desconhecimento do outro. Quase sempre o argumento usado, sobretudo por políticos, para reprovar a imigração de orientais ao Brasil baseava-se na idéia de que eram inassimiláveis, não aceitavam a cultura do país que os recebia, não se misturavam, mantinham-se em colônias fechadas e não aprendiam a língua, sem contar os hábitos alimentares e a religião, completamente desconhecidos. Saiba mais

      Moças na janela

      As moças que arrebentaram as janelas para espiarem os fotógrafos que tiravam as vistas do Japão. 1901.

      As fotografias deste módulo são estereoscopias do fotógrafo americano Benjamim West Kilburn adquiridas por Afonso Pena Junior em viagem ao Japão, em 1902.

    • A "Jinrikisha"

      A "Jinrikisha", a principal moda de viajar no Japão durante séculos. 1901.

      O jinriquixá é um carrinho leve usado para transporte de uma ou duas pessoas, bastante associado aos costumes e à cultura japonesa.

      As estereoscopias eram bastante populares na virada do século XIX para o XX. Consistiam em duas fotografias praticamente iguais, colocadas lado a lado, que, quando vistas por meio de um estereoscópio, um instrumento semelhante a um binóculo composto por duas lentes, convergiam formando apenas uma imagem tridimensional.

    • Parque de Shiva

      Parque de Shiva, Japão. 1901.

      Os quimonos sempre foram uma forte referência à cultura japonesa. O traje típico do Japão usado por homens e mulheres durante séculos sofreu modificações ao longo do tempo. Depois da Era Meiji (1868-1912), quando o Japão principiou uma abertura e estreitamento de laços de amizade e comércio com países ocidentais, outros modelos de roupas foram lentamente sendo introduzidos no país, bem como novos tecidos para a confecção dos quimonos, tradicionalmente de seda e bordados a mão. Os cortes e tamanhos também mudaram ao longo dos séculos, e atualmente, embora não mais diariamente usados pelos japoneses, os quimonos continuam presentes em eventos especiais, cerimônias de casamento e datas festivas.

    • Jardim do Templo

      No Jardim do Templo, Tokio, Japão. 1901.

      Os jardins eram muito freqüentes nas antigas propriedades aristocráticas e nos templos religiosos japoneses, muitos deles com lagos internos, cercados de árvores e flores, e cuidadosamente tratados. Constituíam locais para passeios das famílias ou para realização da cerimônia do chá. Os templos japoneses, de arquitetura inspirada nos templos budistas chineses, são numerosos e muito freqüentados, símbolos da religiosidade do povo japonês.

    • Fresca corrente

      A fresca corrente das montanhas. Japão. 1901.

      Uma das atividades mais desenvolvidas no Japão, e trazida pelos imigrantes para o Brasil, foi a pesca. Sendo o Japão um arquipélago, e com pequena área cultivável, a pesca continua sendo uma das atividades mais importantes e praticadas no país, que tem a maior frota pesqueira do mundo. Muitos dos imigrantes que chegaram ao Brasil mudaram-se para áreas litorâneas onde se dedicaram à pesca.

    • Costumes japoneses

      Uma recepção em Tókio mostrando os costumes japoneses. 1901.

      Um dos elementos mais famosos e tradicionais da cultura japonesa é a culinária. Nesta recepção percebemos alguns desses elementos da cozinha: peixes, arroz, vegetais, sopas, molhos e o conhecido apuro na decoração dos pratos. Os famosos arranjos de flores também estão presentes na cena.

    • Mercado de Tokio, 1901

      Em fins do século XIX, o Japão vivia uma situação bastante singular. Com a paulatina abertura do país ao mundo, deu-se início a uma série de reformas para modernização e industrialização do país. Iniciou-se também um período de guerras expansionistas, entre elas, com a China, entre 1894-1895, e com a Rússia, entre 1904-1905. Esses eventos terminaram por ocasionar uma grave crise interna: muitos japoneses sem trabalho e sem terras para cultivar, vivendo as dificuldades de dois períodos pós-guerra e um grande crescimento demográfico. A solução para essa situação difícil foi a emigração, a busca de terras, trabalho e dinheiro em outros países.

    • Montanha de Fuji

      A montanha de Fuji, ao norte do Japão. 1901.

      O governo japonês encontrou no estímulo à emigração uma possível solução para as pressões demográficas, a falta de trabalho nas cidades e no campo e a fome. Deu início, ainda em fins do século XIX, a uma política de estabelecer contatos e assinar tratados de comércio e amizade com países que pudessem receber os súditos japoneses em suas terras, entre eles o Brasil.

    • Na Terra do Sol Nascente
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    • Parque de Shiva
    • Jardim do Templo
    • Fresca corrente
    • Costumes japoneses
    • Mercado de Tokio, 1901
    • Montanha de Fuji
    • A viagem do Kasato Maru
    • Tripulação do Kasato Maru
    • A política de imigração do estado de São Paulo
    • Kunitoshi Miyaji
    • Sadasuke Haragutti
    • Passaporte de Haragutti
    • Processo de naturalização
    • Relação de passageiros
    • Naokatsu Uehara
    • Atestado de residência
    • Fotografia de Seijiro Sekiguchi
    • Imigrantes anteriores
    • Aviso do ministro
    • A viagem do Kasato Maru

      O Kasato Maru e o encontro com a nova terra

      Nos primeiros debates acerca da contratação de imigrantes orientais para o Brasil, em fins do século XIX, prevaleciam as opiniões contrárias à vinda, principalmente de chineses e japoneses, ancoradas em preconceitos e no desconhecimento do outro. Saiba mais

      Kasato Maru

      Relação de passageiros do vapor Kasato Maru que chegou em Santos em 18 de junho de 1908. Ao fundo, fotografia de vapor. Sem data. Essa foi a primeira grande viagem de imigrantes para o Brasil, depois de assinado o acordo entre o governo de São Paulo e o governo imperial japonês. Por este acordo ficou acertado que o governo de São Paulo subsidiaria parte das passagens marítimas e os fazendeiros que os receberiam, a outra parte, que seriam depois descontadas dos salários dos trabalhadores. A bordo do Kasato Maru chegaram 781 imigrantes contratados e 12 espontâneos que foram para o interior do estado de São Paulo trabalhar nas fazendas de café.

      Quando desembarcaram em Santos, sob os olhares curiosos de muitos brasileiros que nunca haviam visto orientais antes, os japoneses causaram muito boa impressão no primeiro encontro: vestidos à moda ocidental, homens de terno e mulheres de vestido ou saia e blusa, muitos carregavam bandeirinhas do Japão e do Brasil, em sinal de respeito e amizade com a nova terra. Também surpreenderam os funcionários que inspecionavam os navios e cuidavam do desembarque, por sua limpeza, higiene e organização.

    • Tripulação do Kasato Maru

      Lista de passageiros e tripulação entrados em Santos pelo vapor Kasato Maru. 19 de junho de 1908. Sob o comando do capitão A. G. Stevens, o Kasato Maru contava com 91 tripulantes. Ao fundo, fotografia de vapor. Sem data.

    • A política de imigração do estado de São Paulo

      São Paulo era, desde o século XIX, o estado que mais concentrava a produção cafeeira no Brasil, e, portanto, foi também o que mais sofreu com a falta de braços para trabalhar a terra, com o fim da escravidão. As primeiras tentativas de implementar o trabalho imigrante não deram muito certo, já que os fazendeiros paulistas tratavam os trabalhadores livres de forma muito semelhante à que tratavam seus escravos. Desta forma, a maior parte dos imigrantes europeus que vinha para a lavoura paulista não permanecia no trabalho por muito tempo, o que agravava o problema da mão-de-obra, pois a demanda por café nos mercados mundiais crescia, mas não a força de trabalho necessária para dar conta da crescente produção. Saiba mais

       

      Passaporte de Yamachi Taru

      Passaporte de Yamachi Taru. 1908. Parte integrante do seu processo de naturalização, de 1917. Yamachi chegou ao Brasil na primeira leva de imigrantes, era agricultor, residente em Conceição de Itanhaém, São Paulo, e pediu sua naturalização aos 26 anos. No detalhe, o carimbo do Consulado do Brasil em Kobe com data de 22 de abril de 1908.

    • Kunitoshi Miyaji

      Certificado de nacionalidade de Kunitoshi Miyaji, 1924. Expedido pelo Serviço Consular Japonês em Santos quando requereu sua naturalização para cidadão brasileiro aos 29 anos.

       

      Requerimento de naturalização assinado por Kunitoshi Miyaji, parte integrante de seu processo de naturalização.

       

      Kunitoshi Miyaji era natural de Kagoshima e desembarcou em Santos em abril de 1912, onde fixou residência. Seu certificado de nacionalidade atestava que sua profissão era carpinteiro naval; no entanto, quando iniciou o processo de naturalização, disse que era pescador, atividade exercida por muitos imigrantes japoneses no Brasil.

    • Sadasuke Haragutti

      Certificado de nacionalidade de Sadasuke Haragutti, com fotografia. 1929.

    • Passaporte de Haragutti

      Passaporte de Sadasuke Haragutti, que chegou em 1908 na primeira leva de imigrantes subsidiados.

    • Processo de naturalização

      Documento constante do processo de naturalização de Sadasuke Haragutti, assinado por ele. 1930. Haragutti chegou em 1908 e era residente em Cabo Frio, município do estado do Rio de Janeiro que teve grande presença japonesa desde fins do século XIX. Tinha 48 anos, era alfaiate de profissão, e também salineiro.

    • Relação de passageiros

      Relação de entrada de passageiros vindos no vapor Seattle Maru, que partiu de Kobe, Japão, e chegou no porto de Santos em 27 de agosto de 1917. O primeiro período de subvenção de imigrantes japoneses pelo governo paulista durou de 1908 a 1914, quando foi suspenso temporariamente sob alegação de dificuldades por parte dos imigrantes japoneses de se fixarem como colonos nas fazendas de café. Após persistência das empresas de emigração japonesas, as subvenções recomeçaram em 1917, quando a imigração européia começou a declinar em decorrência do início da Primeira Guerra Mundial. Ao fundo, fotografia de vapor. Sem data.

    • Naokatsu Uehara

      Certificado de Nacionalidade de Naokatsu Uehara, 1926. Chegou ao Brasil na segunda fase da subvenção, em 1917.

    • Atestado de residência

      Atestado de Residência de Naokatsu Uehara em Santos. Documento que consta em seu processo de naturalização. 1926.

    • Fotografia de Seijiro Sekiguchi

      Fotografia e assinatura de Seijiro Sekiguchi, Santos. 1912. Chegou como imigrante subsidiado em 1918, já na segunda fase da imigração subsidiada, com esposa e um filho adotivo.

    • Imigrantes anteriores

      Embora a viagem do Kasato Maru de 1908 seja um marco na imigração subsidiada e em grande escala de japoneses para o Brasil, outros nipônicos já haviam se aventurado no Brasil bem antes desta data. Há registro de outros imigrantes no Brasil desde 1906, principalmente no estado do Rio de Janeiro. As cidades de Macaé e Cabo Frio receberam muitos imigrantes japoneses espontâneos, que também vieram em busca de enriquecimento para depois retornar ao Japão. Saiba mais

       

      Irmãs Kumabe

      Requerimento de Naturalização de Teru Kumabe. 1919. Assinatura de Toki Kumabe. 1919.

      A família Kumabe destaca-se na história da imigração japonesa no Brasil por ter empreendido o projeto de criação de uma colônia agrícola no interior do estado do Rio de Janeiro, no município de Macaé, em 1907, antes da chegada do Kasato Maru. A família mudou-se para lá juntamente com outros imigrantes que já estavam no Brasil. Plantaram milho, arroz, feijão e produziram leite e derivados até 1912, quando, vencidos pelas inúmeras dificuldades, como falta de apoio do governo e da companhia de imigração, aridez do solo e doenças, desistiram do projeto. No entanto, a família Kumabe ainda se destacou por ter tido duas de suas filhas formadas pela Escola Normal do Rio de Janeiro, que se naturalizaram para exercer no Brasil a profissão de professoras. Os requerimentos das irmãs são muito semelhantes em conteúdo e expressam a vontade de ambas de "consagrarem-se ao magistério nesta Capital restituindo aos filhos desta terra a instrução que de seus pais receberam".

    • Aviso do ministro

      Aviso expedido pelo ministro das Relações Exteriores, Domício da Gama, ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, Urbano Santos da Costa Araújo, em 25 de abril de 1919, no qual interfere, a pedido do "ministro do Japão", a favor da naturalização das irmãs Kumabe, que desejavam se tornar professoras, mas necessitavam do título de cidadãs brasileiras para serem habilitadas ao cargo. O ministro argumentava que, embora o processo de naturalização de estrangeiros estivesse suspenso no país enquanto durasse a guerra, como as moças eram residentes há 13 anos no Brasil e "filhas de um país amigo", elas mereciam ser naturalizadas. As irmãs Kumabe foram as primeiras japonesas formadas pela Escola Normal do Rio de Janeiro.

    • A viagem do Kasato Maru
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    • Imigrantes anteriores
    • Aviso do ministro
    • Brasil: nova vida e novas raízes (I)
    • Família Hakosaki
    • Passaporte de Naonobu Kikuchi
    • Fotografia da família Nishiyima
    • Os processos de naturalização
    • Família Tamura
    • Chomatsu Ogawa e família
    • Grafias diferentes
    • Família Ushiro
    • Lojiso Nagano e família
    • Brasil: nova vida e novas raízes (I)

      Brasil: nova vida, novas raízes

      Quando chegaram aqui, em 1908 e nos anos seguintes, os imigrantes vieram acompanhados de suas famílias. Pretendiam trabalhar todos, inclusive as crianças, com muito afinco nas lavouras de café para conseguir reunir o valor suficiente para voltar ao Japão em melhores condições do que quando deixaram seu país. Muitas famílias chegaram divididas, por diversos motivos, como a impossibilidade de trazer todos de uma vez, a necessidade de alguns ficarem na terra natal tomando conta dos bens que ainda possuíam e por não conseguirem embarcar por estarem doentes. O tracoma, um tipo de conjuntivite altamente contagioso, foi uma das maiores causas de separação de familiares nos portos do Japão, uma vez que os infectados não poderiam embarcar nos navios. Já na chegada, os japoneses percebiam que a situação seria bem diferente do que imaginavam, e muito mais dura. A vida nas lavouras brasileiras era muito difícil; os japoneses não conheciam o café e seu processo produtivo. Saiba mais 

      Passaporte de Skoichi Okuyama

      Passaporte de Skoichi Okuyama. 1921.

      Na foto aparecem ele, a mulher (Ruo Okuyama) e dois filhos (Yoshimitsu e Yasuya) em 1920, quando chegaram em Santos. Residente em São Vicente, estado de São Paulo, onde se estabeleceu como pescador, requereu naturalização em 1923

    • Família Hakosaki

      Fotografia de Shozaemon Hakosaki e família, mulher e quatro filhos, sendo uma adotiva, em seu passaporte. Chegaram em Santos em 1919. Quando requereu sua naturalização, em 1921, declarou ser pescador.

    • Passaporte de Naonobu Kikuchi

      Passaporte de Naonobu Kikuchi, com foto dele, da esposa, dois filhos e a mãe, que vieram para o Brasil como imigrantes contratados em 1920.

    • Fotografia da família Nishiyima

      Fotografia da família de Shigematsu Nishiyima, que chegou ao Brasil em 1919. Em seu passaporte há um carimbo de imigrante contratado; no entanto, pode-se ver também um carimbo da hospedaria de imigrantes de São Paulo de 23 de abril de 1919, onde deram entrada como imigrantes espontâneos.

    • Os processos de naturalização

      Os processos de naturalização são compostos de, em média, sete a dez documentos, que incluem geralmente os requerimentos endereçados ao ministro da Justiça e Negócios Interiores e ao presidente da República; o certificado de nacionalidade emitido pelo Consulado do Japão da cidade ou estado onde o imigrante reside; o passaporte original do imigrante e a tradução para o português, sempre que possível; uma folha corrida policial; atestado de residência emitido pelo governo do estado; e outros documentos, como certidão de nascimento de filhos brasileiros ou comprovação de emprego, ou mesmo comprovante de que o imigrante falava português. Tanto o passaporte quanto o certificado de nacionalidade costumam trazer só a foto do imigrante ou dele e da família. Saiba mais

      Fotografia de Masataro Yamada: Fotografia de Masataro Yamada e da esposa no passaporte. Chegaram ao Brasil em 1919 como imigrantes espontâneos, vindos de Tóquio.

    • Família Tamura

      Fotografia no passaporte de Manzaburo Tamura. Aparecem ele, a esposa, três filhos, duas meninas, um menino ainda bebê, e sua mãe. Chegaram ao Brasil em 1920 como imigrantes contratados.

    • Chomatsu Ogawa e família

      Fotografia de Chomatsu Ogawa com a família em seu passaporte. 1920. As duas assinaturas diferentes dele nos documentos do processo, em 1921, como Chomatsu, e em 1923, como Tiyomatsu Ogawa.

    • Grafias diferentes

      Texto de apresentação do processo de naturalização de Chomatsu Ogawa, 1921. Quando requereu sua naturalização, em julho de 1921, constatou-se que havia duas grafias diferentes para seu nome, uma Chomatsu, como consta no passaporte, e a outra Tiyomatsu, que seria uma transliteração de seu nome em japonês para o português, e que ele usou para assinar os documentos de requerimento. O trecho manuscrito em destaque é do texto introdutório do processo de naturalização de Chomatsu, que explica o porquê do conflito de assinaturas.

    • Família Ushiro

      Fotografia no passaporte de Masaji Ushiro, juntamente com esposa e filhos. 1919.

    • Lojiso Nagano e família

      Fotografias dos membros da família de Lojiso Nagano, desembarcados em 1919 como imigrantes espontâneos.

      Folha interna no passaporte com dados pessoais e assinatura do titular.

      Lojiso Nagano tinha 27 anos, exercia a profissão de pescador e residia em Santos quando pediu sua naturalização em 1921. A fotografia de Lojiso apresenta um peculiar recorte, provalvemente de onde estava o bebê que ele segurava, e que neste caso teve uma fotografia própria. Na fotografia do filho vêem-se as mãos de um adulto, possivelmente o pai o segurando.

    • Brasil: nova vida e novas raízes (I)
    • Família Hakosaki
    • Passaporte de Naonobu Kikuchi
    • Fotografia da família Nishiyima
    • Os processos de naturalização
    • Família Tamura
    • Chomatsu Ogawa e família
    • Grafias diferentes
    • Família Ushiro
    • Lojiso Nagano e família
     
    • Brasil: nova vida e novas raízes (II)
    • Fotografias da família Kanagushiku
    • Casal Okuyama
    • Passaporte de Heisuke Koyama
    • Tukutaro Yamamoto e esposa
    • Passaporte de Tokuso Oki
    • Passaporte de Tamaki Yoshimoto
    • Passaporte de Mitsuyo Mayeda
    • Requerimento de naturalização
    • Petição do governador do Pará
    • Naturalização de Zitsumei Makiya
    • Requerimento de Jitsumei Makiya
    • Sashiro Tsuda
    • Passaporte de Kurajiro Matsumoto
    • Fotografia e passaporte de Matsumoto
    • Teijiro Suzuki
    • Brasil: nova vida e novas raízes (II)

      Família Ota

      Fotografias de Mitsunosuke Ota, da esposa e da filha adotiva. 1918. Carimbo de imigrantes subsidiados no passaporte.

    • Fotografias da família Kanagushiku

      Mitsuhika Kanagushiku, esposa e filha em fotografias no passaporte. 1918. Carimbo de Passaporte do Governo Imperial do Japão.

    • Casal Okuyama

      Fotografia de Fukuhei e sua esposa Fryumi Okuyama no passaporte. 1920. A fotografia permite também apreciar as vestimentas típicas do Japão, os quimonos, em uma tradicional fotografia familiar, a esposa sentada ao lado do marido em pé.

    • Passaporte de Heisuke Koyama

      Passaporte de Heisuke Koyama. 1918. Fotografias dele e da mulher Haru Koyama. No detalhe, o carimbo de imigrantes subsidiados.

    • Tukutaro Yamamoto e esposa

      Fotografias de Tukutaro Yamamoto e sua esposa no passaporte. 1918. No detalhe, o carimbo de subsidiados e a assinatura de Tukutaro conforme está no passaporte.

    • Passaporte de Tokuso Oki

      Passaporte de Tokuso Oki e fotografias dele e da esposa. 1918.

    • Passaporte de Tamaki Yoshimoto

      Passaporte com fotografia de Tamaki Yoshimoto. 1918. Aos 19 anos, Tamaki parece procurar passar uma idéia de maturidade, tanto que posa para a fotografia com um cenário austero e apoiado em uma bengala.

    • Passaporte de Mitsuyo Mayeda

      Passaporte e fotografia de Mitsuyo Mayeda, o "Conde Koma". 1922.

    • Requerimento de naturalização

      Requerimento de naturalização de Mitsuyo Mayeda, "Conde Koma", que chegou ao Brasil em 1922, no qual consta sua assinatura, com pseudônimo. 1926.

    • Petição do governador do Pará

      Petição do governador do estado do Pará, Dionísio Bentes, dirigida ao Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Viana do Castelo, em 1927, pedindo a naturalização de Mayeda, 48 anos, casado, residente na capital do estado, onde exercia a profissão de "professor de Jujutsu (cultura física)". O Pará foi o terceiro estado que mais recebeu japoneses, ficando atrás somente de São Paulo e do Paraná. Os primeiros navios de imigrantes começaram a chegar em 1926 e em maior número na década de 1930. No entanto, como em outros estados - o Rio de Janeiro, por exemplo - havia a presença de imigrantes espontâneos já antes desta data.

    • Naturalização de Zitsumei Makiya

      Requerimento de naturalização de Zitsumei Makiya, de 1922, contando então com 39 anos, operário de profissão. A assinatura está conforme o nome. No entanto, o atestado de nacionalidade emitido pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo, também em 1922, indica que seu real nome é Jitsumei Makiya. Diante deste fato, o requerente precisou explicar porque assinava de forma diferente de seu nome verdadeiro, para que seu processo fosse deferido. Somente em 1930, em documento enviado ao ministro da Justiça e oito anos depois do primeiro requerimento, é explicado o erro na grafia do nome provocado por confusão fonética entre os sons do J e do Z, e o processo é deferido. Jitsumei estava, então, com 47 anos e exercendo a profissão de lavrador.

       

      Fotografias de Jitsumei Makiya. Acima, em 1922, aos 39 anos; e em 1930, aos 47, quando o processo foi deferido.

    • Requerimento de Jitsumei Makiya

      Segundo requerimento de naturalização de Jitsumei Makiya, em 1930, no qual se explica a "confusão de letras", que causou alteração em seu nome e a demora de oito anos para que o processo fosse deferido em seu favor.

    • Sashiro Tsuda

      Passaporte, fotografia e assinatura de Sashiro Tsuda, residente em Santos. 1920-1921.

    • Passaporte de Kurajiro Matsumoto

      Passaporte de Kurajiro Matsumoto, em estilo semelhante aos atuais, de 1926. Na fotografia tinha quarenta anos. O bebê era seu filho adotivo, e o fato da fotografia estar riscada sugere que não embarcou com ele para o Brasil.

    • Fotografia e passaporte de Matsumoto

      Folha interna do passaporte de Kurajiro Matsumoto, 1926.

       

      Fotografia do Certificado de Nacionalidade emitido pelo Consulado do Japão em São Paulo em 1930, quando requereu sua naturalização aos 44 anos. Chegou ao Rio de Janeiro e deu entrada na Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores em 1926, mas fixou residência em Cabo Frio.

    • Teijiro Suzuki

      Fotografia de Teijiro Suzuki. Correio da Manhã. 1970.

      Em 1905, quando já se discutiam as bases de um acordo entre o governo de São Paulo e o governo do Japão para o início do processo de emigração para o Brasil, o presidente da Companhia Imperial de Imigração, Ryo Mizuno, viajou ao Brasil para conhecer o país e inspecionar as terras agrícolas e as condições para o recebimento de imigrantes. No caminho, Mizuno conheceu Teijiro Suzuki, imigrante espontâneo disposto a ir ao Chile. Depois de convencê-lo a ir ao Brasil, ambos partiram para o Rio de Janeiro e depois a São Paulo. Quando Mizuno retornou ao Japão para estabelecer as bases do acordo de imigração, Suzuki permaneceu. Um ano mais tarde, Teijiro auxiliou os primeiros imigrantes chegados a bordo do Kasato Maru e acompanhou um grupo a uma das fazendas onde trabalhariam nas lavouras de café, no interior de São Paulo.

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    • Teijiro Suzuki
  • Sobre as imagens

    Todos os documentos escritos e fotografias que compõem a exposição Japão, Brasil: Centenário de um Encontro fazem parte do acervo do Arquivo Nacional e foram pesquisados e selecionados nos fundos: Afonso Pena Jr, Serviço de Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras (SPMAF), Correio da Manhã e Série Interior - Naturalização.

    A listagem abaixo arrola os títulos das imagens com as respectivas fontes.

    "Na Terra do Sol Nascente":

    Moças na Janela: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.008
    A "Jinrikisha": Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.030
    Parque de Shiva: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.007
    Jardim do Templo: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.001
    Fresca Corrente: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.016
    Costumes Japoneses: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.029
    Mercado de Tókio: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.011
    Montanha de Fuji: Afonso Pena Jr. OO.FOT. 00031.015

    "A viagem do Kasato Maru: o encontro com a nova terra"

    Kasato Maru: SPMAF. BS.RVP.ENT 7613
    Tripulação do Kasato Maru: SPMAF. BS.RVP.ENT 7613
    Passaporte de Yamachi Taru: Série Interior - Naturalização. IJJ6 266. PNE 7825
    Kunitoshi Miyaji: Série Interior - Naturalização. IJJ6 272. PNE 8013
    Sadasuke Haragutti: Série Interior - Naturalização. IJJ6 344. PNE 10355
    Passaporte de Haragutti: Série Interior - Naturalização. IJJ6 344. PNE 10355
    Processo de naturalização: Série Interior - Naturalização. IJJ6 344. PNE 10355
    Relação de passageiros: SPMAF. BS.RVP.ENT 14086
    Naokatsu Uehara: Série Interior - Naturalização. IJJ6 365. PNE 11077
    Atestado de residência: Série Interior - Naturalização. IJJ6 365. PNE 11077
    Fotografia de Seijiro Sekiguchi: Série Interior - Naturalização. IJJ6 367. PNE 11147
    Irmãs Kumabe: Série Interior - Naturalização. IJJ6 332. PNE 9968 e PNE 9969
    Aviso do Ministro: Série Interior - Naturalização. IJJ6 332. PNE 9969
    Fotografia de fundo: Vapor. Sem data. Afonso Pena Jr. OO.FOT.14

    "Brasil: nova vida e novas raízes (I)"

    Passaporte de Skoichi Okuyama: Série Interior - Naturalização. IJJ6 355. PNE 10753
    Família Hakosaki: Série Interior - Naturalização. IJJ6 344. PNE 10366
    Passaporte de Naonobu Kikuchi: Série Interior - Naturalização. IJJ6 330. PNE 9916
    Fotografia da Família Nishiyima: Série Interior - Naturalização. IJJ6 331. PNE 9943
    Fotografia de Masataro Yamada: Série Interior - Naturalização. IJJ6 356. PNE 10766
    Família Tamura: Série Interior - Naturalização. IJJ6 365. PNE 11068
    Chomatsu Ogawa e família: Série Interior - Naturalização. IJJ6 96. PNE 2809
    Grafias diferentes: Série Interior - Naturalização. IJJ6 96. PNE 2809
    Família Ushiro: Série Interior - Naturalização. IJJ6 365. PNE 11075
    Lojiso Nagano e família: Série Interior - Naturalização. IJJ6 252. PNE 7382

    "Brasil: nova vida e novas raízes (II)"

    Família Ota: Série Interior - Naturalização. IJJ6 355. PNE 10733
    Fotografias da família Kanagushiku: Série Interior - Naturalização. IJJ6 330. PNE 9905
    Casal Okuyama: Série Interior - Naturalização. IJJ6 220. PNE 6449
    Passaporte de Heisuke Koyama: Série Interior - Naturalização. IJJ6 181. PNE 5289
    Tukutaro Yamamoto e esposa: Série Interior - Naturalização. IJJ6 405. PNE 12345
    Passaporte de Tokuso Oki: Série Interior - Naturalização. IJJ6 355. PNE 10736
    Passaporte de Tamaki Yoshimoto: Série Interior - Naturalização. IJJ6 405. PNE 12347
    Passaporte de Mitsuyo Mayeda: Série Interior - Naturalização. IJJ6 320. PNE 9569
    Requerimento de naturalização: Série Interior - Naturalização. IJJ6 320. PNE 9569
    Petição do governador do Pará: Série Interior - Naturalização. IJJ6 320. PNE 9569
    Naturalização de Zitsumei Makiya: Série Interior - Naturalização. IJJ6 320. PNE 9578
    Requerimento de Jitsumei Makiya: Série Interior - Naturalização. IJJ6 320. PNE 9578
    Sashiro Tsuda: Série Interior - Naturalização. IJJ6 364. PNE 11038
    Passaporte de Kurajiro Matsumoto: Série Interior - Naturalização. IJJ6 268. PNE 7882
    Fotografia e passaporte de Matsumoto: Série Interior - Naturalização. IJJ6 268. PNE 7882
    Teijiro Suzuki: Correio da Manhã. PH.FOT.04474.001

  • Ficha Técnica

    A exposição Japão, Brasil: Centenário de um Encontro foi concebida pelo Arquivo Nacional em 2008, originalmente para ambiente virtual.

  • Créditos

    Presidente da República
    Luiz Inácio Lula da Silva

    Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República
    Dilma Vana Rousseff

    Secretária-Executiva da Casa Civil da Presidência da República
    Erenice Alves Guerra

    Diretor-Geral do Arquivo Nacional
    Jaime Antunes da Silva

    Coordenador-Geral de Acesso e Difusão Documental
    Haroldo Mescolin Regal

    Coordenador de Pesquisa e Difusão do Acervo
    Maria Elizabeth Brêa Monteiro

    Curadoria
    Textos e imagens
    Renata William Santos do Vale

    Revisão de textos
    Renata dos Santos Ferreira

    Programação visual
    Sueli Araujo

    Digitalização de imagens
    Coordenação de Preservação do Acervo / Laboratório de Fotografia
    Flávio Lopes
    Adolfo Celso Galdino Alves

    Agradecimentos
    Carla Lopes - Coordenação de Documentos Escritos - Documentos do Executivo
    Carlos Augusto Ditadi - Coordenação Geral de Gestão de Documentos
    Maria do Carmo Teixeira Rainho - Gabinete
    Mauro Lerner Markowski - Coordenação de Documentos Escritos
    Sônia Abreu - Coordenação de Consultas ao Acervo (Seção de Guarda dos documentos)

    Agradecimentos especiais
    Denise de Morais Bastos - Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo - Pesquisa
    Cláudia Beatriz Heynemann - Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo - Pesquisa

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